Leste europeu, 1442:
No século XV, a Valáquia, uma região localizada no sudeste da Europa, foi palco de diversas disputas de poder. Neste tempo, o exército Otomano, liderado por Mehmed II, invadiu a Valáquia e sequestrou os três filhos do governador da região, o poderoso Vlad II.
Vlad II, governador da região, resistiu bravamente, mas foi superado pelo exército invasor. Os três filhos de Vlad II, Mircea, Vlad III e Radu, foram capturados e levados como reféns pelos turcos.
Durante o sequestro, a caminho do Império Otomano, eles conjecturam o que poderá ocorrer com eles, longe de seu pai, seu país, sua terra e tudo que conheceram até então.
_Mano, o que farão conosco? _Pergunta o jovem Vlad, filho de Vlad, ao seu irmão mais velho, Mircea.
_Não sei mano! _Diz Mircea.
Em sua mente, o pequenino garoto lembra dos ensinamentos de seu pai, de sua crença religiosa e promete para si mesmo jamais esquecer tudo que aprendeu na Valáquia, tentando ser fiel aos seus princípios.
Ao chegar nas terras inimigas, os três nobres são encaminhados para Constantinopla, capital do Império Otomano e são direcionados a pavilhões distintos de uma prisão em uma espécie de masmorra.
Ao se distanciar de seus dois irmãos, Vlad se desespera, gritando:
_ Mircea, Radu, meus irmãos! Mircea, Radu…
Desesperado, gritando, ele é levado para uma cela individual em um sombrio corredor onde não encontra mais nenhum preso.
“Que lugar medonho, será que se inspiraram no purgatório para nos trazer para cá.” Cogita ele em seus pensamentos.
Sozinho, ele sobe na cama e pula na janela, onde consegue esticar sua cabeça para ver o lado de fora, onde consegue ver e ouvir, pessoas sendo surradas do lado de fora.
Ao ouvir tais gritos, os olhos do pequeno Vlad lacrimejam naturalmente. Ao se contagiar pela dor dos prisioneiros, suas forças acabam e ele cai no chão. Chorando, ele se prosta e percebe que do bolso de sua calça caiu uma imagem da virgem adorada pelos cristãos católicos como sendo a mãe de seu Deus e um crucifixo.
“Chick-plat! Chicli-plat!” é o barulho que ele ouve constantemente, e agora não consegue parar de ouvir.
_ Em nome de Alá! Grita um soldado, algo que ele consegue identificar em meio a língua estranha.
Vlad rasteja até atrás de sua cama, se ajoelha e começa a rezar em voz alta com seu crucifixo.
Sua voz é ouvida por um soldado árabe, que caminha lentamente até a cela de Vlad, a abre, se dirige até o garoto, toma o crucifixo de sua mão gritando:
_Idolatria! Idolatria! Garoto abominável!
Em seguida, ele pega pelo braço e o leva até a vila (pedaço de madeira utilizado para chicotear os prisioneiros), do lado de fora, onde Vlad contempla a dor de muitos outros presos que são chicoteados.
Vlad é amarrado e pela primeira vez e assim como os adultos é chicoteado.
_O profeta disse, não praticarás idolatria, sob pena de morte, cristianismo abominável! _ Diz o carrasco.
Vlad chora mais uma vez.
Em seus dez primeiros anos de vida, na casa de seu pai, ele nunca foi surrado dessa maneira, sua dor é imensa. Vinte chibatadas e então ele é solto, a dor que sente é imensa, sua camisa foi rasgada, suas costas estão cheias de sangue e ele está sendo levado de volta a cela.
Algum tempo depois:
Vlad acorda sendo chamado por um homem desconhecido, seus ferimentos estão sendo curados, seu crucifixo e todos os seus objetos religiosos lhe foram tirados.
_Como está filho? _Pergunta o homem.
_ Dolorido! _Responde o garoto.
_ Você sabe que Deus revelou ao profeta que a idolatria não deve ser praticada?! _ Indaga o homem.
_ Eu não sei o que é idolatria! _ Afirma o garoto
_ A culpa não é sua! Vou visitá-lo diariamente para ensinar-lhe o Alcorão. Você vai ter a chance de se livrar do inferno. Pois Deus abomina a idolatria e essa imagens não tem poder! _ Afirma o homem.